Nick Heidfeld era um nome a ser observado em 1999. Foi campeão da F3000, tinha tudo para ser um grande campeão. Mas quando tinha tudo para conseguir sua primeira vitória, ele se deu muito mal. Tem apenas uma pole position, conquistada no GP de Nurburgring de 2005, e não tem nenhuma vitória. Ele tem um talento muito grande, atualmente disputa o Mundial de Endurance pela Rebellion. Não sei se ele tem ou vai ter resultados extraordinários, mas Alexander Wurz, por exemplo, não se deu bem da F1 e na minha opinião, é um dos maiores gênios da Le Mans atual. Mas Heidfeld não teve carros muito competitivos nas mãos. O melhor ano dele foi 2007, quando ficou em quinto lugar, atrás da dupla da McLaren e da Ferrari. Ele venceu o duelo com Kubica fácil, ficando na zona de pódio nos GPs do Canadá e Hungria. Em 2008, ele conseguiu mais pódios, mas foi vencido por Robert Kubica, que venceu o GP do Canadá. Em 2009, a BMW prometia, mas não se deu nada bem. Heidfeld e Kubica, juntos, conseguiram apenas 2 pódios. Em 2010, após a demissão de Pedro de la Rosa, que corria na Sauber, Heidfeld entrou em seu lugar, e se deu bem. 2011 foi o ano que Heidfeld encerrou sua carreira, correndo na Lotus, sendo posteriormente substituído por Bruno Senna. Na Sauber, venceu o duelo doméstico com Massa, perdeu o duelo com Räikkönen, e ganhou o com Frentzen. Na Jordan, se deu bem e foi melhor que Giorgio Pantano e Timo Glock, que estrearam em 2004. Ao todo, as estatísticas foram:
1 pole position
2 melhores voltas
13 pódios
48 abandonos
259 pontos
Leia agora, a coluna de 2011 que o meu amigo Capelli postou sobre ele, para a revista Warm Up.
Nick Heidfeld é um caso que merece ser estudado. O piloto alemão, ainda que bastante talentoso, é dentre todos os da Fórmula 1 atual o que mais dificuldades teve na carreira. Esteve sem emprego por, pelo menos, quatro vezes. Mas, mesmo assim, nunca ficou uma temporada inteira afastado, ainda que nunca tenha conseguido as bênçãos de nenhum abastado patrocinador.
O começo da carreira de Heidfeld já foi marcado por um certo revés. Estreou na Prost, em 2000, mas seu contrato era com a McLaren. Campeão de F3000 em 1999 pelo time júnior da escuderia prateada, ingressava na F1 em uma equipe menor com o objetivo de ser preparado para ser piloto McLaren dentro de alguns anos, quando Mika Hakkinen se aposentasse. Não teve um bom ano, mas a McLaren bancou-o na Sauber em 2001. Foi uma boa temporada, com pódio e tudo, mas o alemão foi vítima do efeito Kimi Raikkonen. Hakkinen, bicampeão e de grande reputação na McLaren, indicou seu compatriota para substituí-lo em 2002. Kimi fez alguns testes, caiu nas graças de Ron Dennis e Nick ficou a ver navios.
Já independente da McLaren, precisou reconstruir sua carreira, ainda que permanecendo na Sauber. Mas o baque foi grande. Em 2003, principalmente, cometeu muitos erros e ficou em situação delicada na equipe. Acabou dispensado por Peter Sauber e ficou sem rumo. Muitos já davam sua carreira como acabada, até que, surpreendentemente, descolou uma vaga na Jordan para 2004.
A Jordan vivia seu ocaso, sem dinheiro e patrocinadores. Com Giorgio Pantano de piloto pagante – posteriormente substituído por Timo Glock -, Nick seria o responsável pelo desenvolvimento. Mesmo praticamente correndo de graça, topou a oferta. Até que não foi um mau ano para ele, ainda que tenha sido a pior temporada da história da equipe. Nick chegou a conquistar um quinto e um sexto lugares, mas a situação financeira era delicada demais, a ponto de Eddie Jordan ter de vender o time. E, com isso, Nick ficou desempregado outra vez.
Mas a boa temporada na Jordan melhorou sua cotação na Fórmula 1. E com isso foi chamado pela Williams para uma espécie de vestibular para definir quem seria o companheiro de Mark Webber em 2005. Chegou na última hora e superou o favorito à vaga, Antonio Pizzonia. E, assim, continuou na categoria. Apesar de conturbada, foi uma de suas melhores temporadas. Marcou uma pole em Nürburgring, chegou duas vezes em segundo lugar e superava em pontos seu companheiro de equipe, bem mais cotado. Até que sofreu um acidente durante testes em Monza e não pôde disputar os GPs da Itália e da Bélgica. Quando deveria retornar, foi vítima de represália da Williams.
O motivo: a BMW, que fornecia motores e estava deixando a equipe, havia contratado o piloto para disputar a temporada seguinte pelo time que acabara de comprar, a Sauber. Frank Williams e Patrick Head, furiosos, não deixaram mais que Nick voltasse, ficando de fora até o fim do ano. Mas, ainda que com este contratempo, a passagem do alemão pela BMW Sauber foi seu melhor momento na Fórmula 1. Foram quatro temporadas, oito pódios e uma vitória que bateu na trave, no Canadá em 2008.
O problema é que, em fins de 2009, a BMW resolveu abandonar a F1. E Heidlfeld, outra vez, ficou desempregado. Assinou como terceiro piloto da Mercedes para 2010, mas em momento algum foi aproveitado. Virou test driver da Pirelli, ajudou a desenvolver os pneus de 2011, e no fim do ano foi premiado com uma vaga na F1, de novo na Sauber. Disputou os últimos GPs do ano em substituição a Pedro de La Rosa, que fazia um campeonato abaixo da crítica. Para se ter uma ideia, Nick conseguiu em cinco corridas a mesma pontuação do espanhol em 14.
Pena que o bom desempenho não tenha servido para segurar Heidfeld na F1. Precisando de dinheiro, Peter Sauber contratou o mexicano Sergio Perez e Nick, como de costume, ficou a pé. Até que… Robert Kubica, seu ex-companheiro de BMW Sauber, sofreu um sério acidente de rali na Itália. E então Nick Heidfeld voltou às manchetes.
Os resultados dos testes em Jerez de la Frontera não deixaram muitas dúvidas sobre quem seria o escolhido para substituir Kubica. Faltam a Bruno Senna e Vitantonio Liuzzi, os outros candidatos, a experiência e a consistência que sobram em Heidfeld. Semana passada veio a confirmação. É a escolha óbvia.
Paradoxalmente, a temporada na Renault pode ser a mais promissora de toda a carreira de Nick. O carro vem andando bem, não é de se duvidar que possa brigar por vitórias, ainda que eventualmente. E assim, quem sabe, o alemão possa conseguir livrar-se da pecha que o acompanha já há alguns anos: é o piloto que mais GPs disputou sem ter vencido um sequer, em toda a história da sexagenária Fórmula 1.
Com tantas idas e vindas, altos e baixos até injustos para um piloto de talento, um fato não dá para negar. Nick Heidfeld pode não ser brasileiro, mas não desiste nunca.
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